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Psicologia? Mas eu não estou maluco

Se ainda não leu, consulte a página “Estou a imaginar?” antes de ler isto,  uma vez que lá encontra a explicação para o facto de, mesmo que os seus sintomas não estejam “na sua mente”, poder ser útil olhar para o tratamento psicológico de uma outra perspetiva.

Os psicólogos e psiquiatras que estão familiarizados com a área das doenças funcionais podem ter muito a oferecer aos pacientes com sintomas neurológicos funcionais e dissociativos.

Psicólogos que trabalham em hospitais gerais,clínicas de dor ou reabilitação, ou ainda aqueles que lidam com síndrome de fadiga crónica provavelmente estarão familiarizados com este tema. Psiquiatras de ligação ou os neuropsiquiatras vão certamente estar familiarizados com o que aqui falamos.

E então porque não consultar um psicólogo ou psiquiatra?

Há uma série de razões pelas quais os pacientes com doenças neurológicas funcionais podem não querer consultar um psicólogo / psiquiatra.

1. “Eu não sou louco!”

Para algumas pessoas, consultar um psicólogo / psiquiatra implica que a razão dos seus sintomas físicos deva estar “todo na mente”, ou que são “loucos / malucos”.

2. “Eu não estou stressado”

Uma área em que os médicos e os pacientes entram em conflito é a relação entre os sintomas funcionais e o stress. Poderá ler mais sobre isto nas páginas do separador ‘Causas’.

A base é que muitos pacientes desenvolvem sintomas funcionais e dissociativos sem que estejam stressados. Os sintomas podem ter ocorrido do nada ou em relação com uma lesão física, e a única coisa realmente stressante é terem os sintomas!

Há também muitas pessoas que desenvolvem sintomas funcionais em momentos de stress. Mas isso não significa que o stress seja o único fator causador ou sequer o principal.

É claro que o stresse da vida agrava, e pode ser uma causa importante de sintomas funcionais, mas para muitas pessoas não é assim tão importante. O stress em relação aos sintomas é muito mais comum e vale a pena ser abordado aqui.

3. “Eu não sou o tipo de pessoa que vai a um psicólogo”

É do tipo de pessoa que acha que toda a gente que vai a um psicólogo / psiquiatra é maluco? Provavelmente não. Muitas pessoas entendem o motivo pelo qual as outras pessoas podem precisar de um psicólogo / psiquiatra, mas têm dificuldade em pensar isso em relação a si mesmas. Se quiser “quebrar todas as barreiras” do tratamento, talvez o primeiro passo seja deixar de lado os seus preconceitos.

4. “Eu não quero ser analisado”

Muitas pessoas pensam que, se forem a um psiquiatra ou a um psicólogo, a discussão e o “tratamento” serão como a psicanálise que se falava antigamente. O clássico pensamento é que o psiquiatra lhe vá dizer “fale-me da sua infância”, para que fale sobre todos os segredos da sua vida desde a sua infância e depois os psiquiatras lhe digam como os seus sintomas surgiram.

No entanto, ir a um psiquiatra ou psicólogo raramente é assim. A maioria dos profissionais de saúde nesta área vai querer conhecê-lo, mas eles estarão mais interessados nas coisas que estão a impedir que melhore no momento presente, mais do que nas razões do passado.

Como foi explicado na página “causas”, pode ser muito difícil identificar as razões pelas quais as pessoas desenvolvem sintomas funcionais e dissociativos. Às vezes é suficiente apenas dizer: “É possível que seja mais vulnerável para desenvolver sintomas funcionais, vamos tentar descobrir como podemos melhorar”

Muitas pessoas com sintomas funcionais não precisam da ajuda extra de um psicólogo ou psiquiatra. Mas pode acontecer que o seu médico tenha sugerido isso e se tenha perguntado porquê, quando o seu problema é neurológico, como é o caso de uma parésia numa perna ou sintomas de tontura.

Uma pergunta comum e razoável é: “Como é que falar sobre isso vai  realmente ajudar a melhorar os meus sintomas?”

Estas são as razões mais comuns para explicar porquê que “falar sobre isso” poderá ajudar:

1. Ser capaz de empregar mais tempo a compreender o seu problema – por exemplo, que este é comum, não é culpa sua, não é imaginado, não é devido a uma doença, mas que é um problema potencialmente reversível relacionado com o funcionamento do seu sistema nervoso. Pode demorar algum tempo até conseguir entender isto, pelo que um psicólogo pode ajudá-lo nesta tarefa.

2. Falar sobre os comportamentos que podem estar a dificultar a sua recuperação – por exemplo, se tem dor lombar crónica e fraqueza nas pernas, pode ter agravamento da dor durante o exercício. Pode ter andado a evitar o exercício porque teme que possa estar a prejudicar ainda mais o problema da dor lombar. Se compreender que isso estará a agravar temporariamente a dor, mas não a prejudicar as suas costas, isso poderá ser um estímulo para que comece a mexer-se mais.

3. Falar sobre os pensamentos que estão a dificultar a recuperação – por exemplo, alguém com crises dissociativas pode ficar preocupado com uma nova crise. Quanto mais pensar e na possível ocorrência de uma nova crise, por exemplo, num supermercado ou a descer escadas, maior a probabilidade de isso vir a acontecer.

4.Identificar os sentimentos de desânimo e preocupação – Por exemplo, os seus sintomas podem estar a acontecer já há algum tempo. Em consequência, poderá ter desenvolvido sintomas de depressão, ansiedade ou ataques de pânico. Menos comumente outros sintomas podem estar presentes, como sintomas pós-traumáticos, pensamentos obsessivos ou até perturbações alimentares.

5. Resolução de problemas – muitos dos problemas da nossa vida não têm soluções fáceis. Mas algumas dificuldades do quotidiano, como resolver problemas de dívidas, ou conseguir ajuda para uma criança que está a ser vítima de bullying, podem ter soluções que nunca antes tenhamos pensado. Um problema a menos na lista pode ajudar no panorama geral.

Se juntar todas estas razões, ficará surpreendido com o quanto poderá ser útil falar sobre estes assuntos.

Os psicólogos e psiquiatras têm abordagens distintas. Poderá ser necessário conversar com o seu médico de família e/ou neurologista sobre quem poderá ser mais útil no seu caso.