Faça download da app aqui Android Aapp IoS App
PNF Links Opinião Doar Língua
  • Português
Home / Causas / Dez mitos das PNF

Dez mitos das PNF

“Dez Mitos acerca das PNF” publicado recentemente no European Journal of Neurology ilustra as dificuldades e dilemas com os quais doentes com PNF se deparam durante a fase de diagnóstico e tratamento. Este artigo foi escrito por quatro neurologistas dedicados ao estudo desta patologia, esperemos que lhe seja útil.

As Perturbações Neurológicas Funcionais são um tema emergente após um longo período de negligência por parte da comunidade médica e científica. Muitos clínicos não estão ainda familiarizados com os avanços recentes na pesquisa e tratamento destas patologias.

Sabendo que a informação se paga e nem sempre está acessível aos doentes, decidimos fazer uma pequena ronda por este interessante artigo abordando os mitos mais comuns envolvendo as PNF. 

Mito 1: PNF são um diagnóstico de exclusão. Não! É um diagnóstico de “inclusão” baseado em sinais típicos e específicos como o sinal de Hoover ou o entrainment no tremor. Figura do artigo jamanetwork.com/journals/jaman… 4/

From Current Concepts in the Diagnosis and Treatment of Functional Neurological Disorders

Mito 2: Os doentes ou têm PNF ou outra doença neurológica. Não! Ter outra doença como epilepsia ou doença de Parkinson é um dos principais fatores de risco para PNF (cerca de 10-20% dos casos). 

Mito 3: Sintomas bizarros são geralmente preditores de um diagnóstico de PNF. Não! Há vários exemplos de apresentações atípicas noutras doenças neurológicas. Da mesma forma, os sintomas de PNF não são inerentemente bizarros.

Mito 4: Diferentes fenótipos de PNF indicam diferentes doenças. Tpicamente não! Embora uma crise “epilética” seja um sintoma distinto de uma paralisia, há mecanismos e comorbilidades como dor e fadiga comuns a muitos doentes com PNF. 

Mito 5: Os sintomas de PNF são voluntários. Não! Os sintomas de PNF são involuntários; os pacientes não estão a fingir. Os achados consistentes em diferentes estudos neurofisiológicos, recuperações diferentes destes grupos de pacientes em ensaios clínicos e as apresentações consistentes em diferentes culturas ao longo dos anos, sugere a existência real da entidade PNF. 

Mito 6: Não há nenhum motivo para realizar exames para o diagnóstico de PNF. Não! Outras doenças neurológicas são um importante fator de risco de PNF. Assim é importante pensar em possíveis doenças que o paciente possa também apresentar. Também, certos achados nos exames (análise do tremor, p.ex.) podem auxiliar num diagnóstico pela positiva.

Mito 7: É menos prejudicial deixar passar um diagnóstico de PNF do que de outra doença neurológica funcional. Não! Qualquer diagnóstico errado acarreta consequências físicas e emocionais para os pacientes, sobretudo quando se trata de uma doença potencialmente tratável como é o caso das PNF. 

Mito 8: As PNF são um problema exclusivamente psicológico. Não! Os fatores psicológicos são um entre vários possíveis fatores de risco para PNF e não devem ser considerados como fator etiológico único. Para algumas apresentações, estes são os fatores de risco mais comuns, mas para outras não são assim tão relevantes.

Mito 9: O prognóstico das PNF é habitualmente bom. Não! Se não tratados, os pacientes com PNF podem ter incapacidade e alteração da sua qualidade de vida, semelhante a outras doenças neurológicas. Enquanto alguns recuperam completamente, noutros os problemas podem tornar-se crónicos. Não deverá ser simplesmente assumido que o “paciente vai ficar melhor”.

Mito 10: O tratamento das PNF é exclusivamente psicológico. Não! As PNF precisam de um tratamento multidisciplinar individualizado. Tanto a educação como a reabilitação física e psicológica desempenham um papel. Para alguns, a terapia psicológica poderá ser o principal tratamento, especialmente nos doentes com crises não epiléticas.

Nesta hiperligação encontrará ainda um outro artigo escrito pelo Dr. Rui Araújo (Neurologista): http://www.sinapse.pt/section.php?id=22.